Vítor Cintra
Vítor Cintra, um autor que ficará para a história e que, por mérito, deveria ser estudado e incluído no Plano Nacional de Leitura (Ler+); um homem único, a quem tenho a honra de chamar Pai, que me deu o privilégio de partilhar o seu imenso saber, a sua cultura e os seus valores.
Talvez seja difícil para a geração actual, cada vez mais mergulhada na transitoriedade e na superficialidade próprias do imediatismo, entender um poeta com a qualidade e grandeza de Vítor Cintra (pseudónimo de João Vítor Silva), homem de vasta cultura geral, multifacetado, bloguista intervencionista e poeta para quem a visualidade, a emoção e a memória são pedras basilares. Como um observador atento que olha ao acaso, da margem de um rio ou da margem da vida, para a vastidão de um mar salgado ou para o sal da vida, Vítor Cintra tenta retratar um instante, uma personalidade ou um evento com uma mestria e precisão históricas, que não excluem a nostalgia ou a saudade, a crítica ou o elogio.
Reservado na sua vida privada, contido nas manifestações exteriores de afecto, é um homem cuja única vaidade consiste em ser íntegro e leal para com as suas convicções. Abarca o mundo na alma e usa a pena para o retratar com a intensidade de quem celebra a vida e as emoções. Abomina a mediocridade e elogia a coragem de quem luta por fazer deste um mundo melhor.
Não passou ao lado da vida, como não passa ao lado de tudo o que é belo, grandioso e valioso. Deram-lhe uma voz e o dom da palavra e ele usa-as com mestria pelo que, à semelhança dos seus feitos na vida, a sua obra certamente ficará nos anais da história e da literatura.
Helena Silva
publicado na Inominável nº 1