Primavera nas Astúrias #2
Dia 4 – Ribadesella - Cangas de Onís - Covadonga - Lagos
Arenas de Cabrales
Despeçam-se de Gijón com uma passagem pela Universidad Laboral e rumem para leste até Ribadesella, localidade de veraneio e de desportos de aventura. Situada no estuário do rio Sella, as avenidas junto à praia são especialmente encantadoras, com as suas casas apalaçadas de cores vivas sobressaindo na paisagem verde e azul.
A paragem seguinte é em Cangas de Onís, uma das portas de entrada para o Parque Nacional dos Picos da Europa. Embora muito virada para o turismo, é uma localidade pequena e até pacata fora da época alta, onde as vedetas maiores são a ponte “romana” (data do séc. XIII, mas supõe-se que remonta à época romana) sobre o rio Sella e a igreja de Santa Cruz, com origens no período pré-românico e construída sobre um dólmen pré-histórico. Aproveitem para almoçar por aqui, que a tarde vai ser longa e em zonas (ainda) mais bucólicas.
O santuário de Covadonga fica a apenas 11 km e é o próximo local a visitar. A capela dedicada à Virgem, que é a padroeira das Astúrias há mais de 1300 anos, está situada numa gruta escavada na rocha e aberta para o exterior, por baixo da qual surge uma cascata. O complexo inclui um museu, jardins e uma grandiosa basílica, que data do séc. XIX e se destaca, com a sua cor alaranjada e telhados vermelhos, no meio da vegetação abundante.
Regressem pelo mesmo caminho até encontrarem, um pouco antes de Cangas de Onís, a estrada para Arenas de Cabrales, que fica a menos de 50 km de distância. Arenas ou Poncebos, cerca de 5 km mais à frente, têm uma vasta oferta de alojamento e são ideais como base para descobrir esta vertente dos Picos da Europa.
Dia 5 – Ruta del Cares
Para quem gostar, hoje é dia de fazer uma caminhada num dos percursos montanhosos mais fantásticos e mais acessíveis desta região. A Ruta del Cares estende-se entre Poncebos e Caín, num total de 12 km em cada sentido e, tal como o nome indica, acompanha parte do percurso do rio Cares. Começando em Poncebos, existe uma subida inicial algo exigente de pouco mais de 2 km, sendo o resto do caminho essencialmente plano e fácil de fazer, com passagens por túneis e pontes, e sempre com o rio por companheiro. Deixo um aviso: vão correr o risco de se apaixonarem perdidamente por esta paisagem e esquecerem qualquer cansaço – pelo menos até terem de parar. Caín é uma aldeia encastrada entre altos picos montanhosos, local perfeito para repouso e almoço antes de iniciarem o caminho de regresso. Todas as informações sobre o percurso estão disponíveis em Ruta del Cares.
Se não gostam de grandes caminhadas (ou não podem fazê-las), então sugiro que visitem a icónica aldeia de Bulnes. Não existem estradas mas é possível subir no Funicular de Bulnes, que parte também de Poncebos e sobe por um túnel escavado na montanha durante oito minutos até chegar perto da entrada de Bulnes. Esta aldeia isolada e minúscula tem uma população fixa de apenas 20 habitantes (que aumenta para 50 no Verão), mas é um ponto turístico muito frequentado e conhecido por oferecer belíssimas vistas para as principais elevações dos Picos da Europa, entre as quais se destaca o Naranjo de Bulnes (ou Picu Urriellu, em asturiano). Também é possível chegar a Bulnes a pé, mas o percurso é algo exigente.
No final de um dia fisicamente muito activo não há nada melhor do que uma boa refeição, e em Arenas de Cabrales um dos locais onde se come bem é o restaurante La Panera.
(continua)
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Publicado em Inominável nº 3
por Ana CB autora dos blogs Viajar. Porque sim., Gene de traça, e
A vida e outros acasos.
Participante no blog Aprender uma coisa nova por dia