Marta A.
Quando era miúda, ficava muito contente quando o tpc eram composições. Criava autênticos enredos hollywoodescos, os quais excediam sempre o limite de palavras, e depois ia lê-los ao quadro, a pedido dos colegas. Eles diziam que era porque gostavam, mas eu acho que era porque enquanto me ouviam, não aturavam a professora.
Quando descobri a máquina de escrever da minha mãe, foi a loucura. Criei um jornal com notícias fictícias e impingi-o à família toda. Nela só não escrevi os mil diários que recebi na adolescência nem as crónicas sobre o liceu, que já foram redigidas num computador (hoje em dia, da idade da pedra). Cresci a dizer o quão seria feliz a contar histórias ao mundo, mas depressa me cortaram a ilusão de que isso seria sequer, uma opção, em Portugal. Hoje em dia, reconheço que isso possa ter algum fundamento, e ainda acrescento que se meia dúzia me ler, já é uma sorte do caraças.
Contudo, vale sempre a pena tentar. Até porque o mundo nunca precisou tanto que lhe contassem histórias, como agora.
Autora do blog Um dia acabo o Livro