Fotografia: A luz e o olhar | Hardware do fotógrafo: filtros
Depois de ter escrito no último artigo, embora superficialmente, sobre o software de edição de imagem, desta vez trago o tema do hardware.
Há uma grande variedade de acessórios e hardware: defletores, tripés, monopés, filtros, entre outros. É precisamente sobre os filtros que vou escrever. Não aqueles circulares que se colocam na frente da objetiva e que, além de tratamento UV, são usados também para dar uma proteção adicional ao vidro da lente, mas sim sobre o sistema modular de filtros de densidade neutra, gradientes de transição suave ou dura, e o Big Stopper.
Por vezes, para se conseguir obter o resultado idealizado não basta usar apenas a máquina fotográfica e ajustar as definições ao cenário. Como sabem, os sensores registam luz, e mediante as velocidades de obturação que escolhemos, congelamos ou arrastamos motivos ou elementos da composição.
Imaginem agora que pretendem, durante o dia, fotografar uma cascata de água ou uma paisagem em que o arrastamento dos elementos lhe daria uma sensação de movimento ou de calma. Têm um problema: a quantidade de luz existente é enorme e a vossa máquina não vai conseguir registar sem sobre-exposição de luz.
É, por exemplo, num cenário destes que vão necessitar dos filtros de densidade neutra (ND Filters).
O sistema tem uma arquitetura fácil de se explicar. Vão necessitar de um anel de diâmetro compatível com a vossa objetiva, um suporte com duas ou três ranhuras, e dos filtros que vão sobrepondo para obter o resultado final.
Comecemos pelos filtros neutros, de aspeto uniforme.
Estes filtros cortam a quantidade de luz que passa para o sensor em f-stops (um, dois ou três stops de luz) e permitem fotografar em plena luz do dia usando velocidades de obturação que podem ir até alguns segundos sem sobre-expor o resultado final.
Já os filtros gradientes permitem cortar a luz numa zona do frame, e criar uma transição suave ou dura entre a zonas das altas e das baixas luzes ou sombras. Por exemplo, o nascer ou pôr do sol, em que o céu terá uma exposição de luz inferior ao solo.
Também estes filtros gradientes podem ser de um, dois ou três stops de luz (ND Grad Soft Transition & ND Grad Hard Transition).
E finalmente o rei dos filtros que cortam luz: o Big Stopper. O nome dispensa extensa explicação. Facilmente encontramos no mercado filtros de dez, treze, dezasseis ou mesmo vinte stops de luz.
Imaginem que estão na praça de uma cidade, em plena tarde primaveril e querem registar essa praça com o menor número de elementos possível de forma a destacar, por exemplo, a arquitetura envolvente. Ao usarem um filtro de dezasseis stops vão ter alguns minutos de obturação. Esse tempo permitirá “retirar” algumas pessoas da vossa fotografia, pois o arrastamento será predominante e com alguma sorte, até podem ficar com a praça praticamente desimpedida. Mas como as longas exposições necessitam de imobilização da câmara, não se esqueçam do vosso tripé!
Parece confuso? E que tal uma saída com outros amigos interessados em fotografia para explorar as cidades, vilas ou aldeias deste recanto lusitano?
Ir para o terreno, perceber como as velocidades de obturação podem criar efeitos nos céus com nuvens, ou fotografar cascatas durante o dia?
Vão, carreguem as baterias das vossas câmaras, limpem os cartões de memória e não se privem de explorar, de dar largas à criatividade.
Boas fotos! 😉
__________________________________________________________________
Publicado em Inominável nº 12
por Gil Cardoso autor do blog Gil Cardoso