Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Revista Inominável

A revista para lá da blogosfera!

Seg | 30.01.17

Fotografar... #1

Fotografar... uma forma de exprimir sentimentos, sensações e uma forma de os registar.

Para mim, tirar uma fotografia é muito mais do que um simples carregar no botão. E a foto não começa nem termina ali, no exato segundo em que o negativo fica registado.

 

Estudar e perceber a luz, seja ela direta ou indireta, natural ou artificial, é o primeiro 001.jpgpasso para registar uma imagem, um momento, um sentimento, pois a fotografia é isso mesmo: registar luz. 

Para isso, as nossas câmaras estão equipadas com um sensor e com uma objetiva. A função do primeiro é a de registar em formato digital tudo aquilo que a objetiva “vê”, usando para isso um princípio básico denominado Triângulo da Exposição.

 

Terminologias como velocidade de obturação, abertura do diafragma e ISO vão passar a fazer parte das páginas da Inominável. Mas o que são afinal estas coisas com nomes menos comuns? Vou explicar cada um deles de uma forma o mais simples possível, e estabelecer paralelos com comportamentos do nosso quotidiano de forma a, sem usar uma linguagem demasiado técnica, expor a importância da combinação destes três elementos.

 

A velocidade de obturação é medida em segundos ou partes de segundo. As câmaras apresentam esta medida numa escala de tempo que pode ser, por exemplo, de 1/320. Isto quer dizer que temos de dividir o segundo em 320 partes iguais, e a luz vai passar por entre a objetiva durante apenas uma dessas frações de segundo.

 

Muitas vezes vemos as fotos desfocadas, sinal claro de arrastamento dos motivos. Apesar de poder ser uma técnica, não se aplica como tal em todos os casos!

002-003.png

Sabemos que podemos controlar o tempo que deixamos passar a luz pela nossa objetiva até ao sensor. Poderemos também controlar a quantidade de luz? Sim, obviamente! É o segundo lado do triângulo: a abertura do diafragma!

 

As objetivas têm na sua construção umas lamelas que abrem ou fecham em função da quantidade de luz que deixamos entrar. Uma vez determinada a velocidade, podemos escolher a abertura mais ajustada às nossas fotografias. Essas aberturas aparecem referenciadas nas camaras como fX.Y. Não querendo maçar ninguém com a tabela onde se explica o que são f-stops de abertura, fico-me apenas por uma forma mais direta:

 

Quanto maior for o número do vosso “f”, menor será a abertura da objetiva. Logo, menor quantidade de luz passa para o interior do sensor. Imaginem, por exemplo, que estão a regar um jardim com uma mangueira. Essa mangueira é larga na extremidade, e quando a água sai, tem um determinado caudal, relacionado com a secção da mangueira e com a pressão da água. Quando estrangulam a mangueira, aumentam não só a distância que a água percorre após sair do interior da mangueira, mas também a quantidade de água que sai. No fundo, e passando isso para uma terminologia mais fotográfica, passam de um f2.8 para um f7.1, por exemplo.

004-005.png

Finalmente, o ISO! Mas o que é isso do ISO?
ISO é a sigla de International Organization for Standardization e, tal como na explicação da abertura, não vou esmiuçar a tabela complexa. Vou referir apenas que o ISO nos permite definir a sensibilidade ótica que o sensor tem à entrada de luz.

 

As máquinas apresentam esse valor sempre com o prefixo ISO, seguido de números. Quanto menor o ISO, menor a predisposição do sensor à luz. Não quer isto dizer que devemos fotografar com os valores de ISO o mais baixo possíveis, nada disso! Até pelo contrário, mas deixemos essa discussão para outros artigos mais à frente, ok? Contudo, há um contra a considerar: quanto mais elevado for o ISO, e por sua vez a sensibilidade, maior será a quantidade de ruído que a vossa foto tem. O ruído é vulgarmente chamado de grão. Imaginem por exemplo a abertura das vossas íris. Por vezes abrem os vossos olhos de forma a ver com mais clareza, ou fecham as pálpebras para reduzir a entrada de luz e ver ao longe com mais detalhe. Isto é a sensibilidade dos vossos olhos. Da mesma forma, o sensor da máquina tem de ser informado de como se devem comportar os “seus olhos”.

006-007.png

Espero ter cativado o vosso interesse por este tema, que tem tanto para explorar. Convido-vos a acompanhar os próximos textos e espero poder ajudar a levar mais longe a paixão pela fotografia, essa arte em que sentimentos e enquadramentos estão sempre ligados ao conhecimento e ao domínio da técnica.


Boas fotos!

______________________________________________________________________

Publicado em Inominável nº 5
por Gil Cardoso