Correio (pouco) Sentimental... a resposta
Cara Anónima,
De facto, somos obrigadas a concordar: algo vai mal na sua relação. Não queremos com isto dizer que seja o fim da macacada e que, de repente, se veja nos meandros do divórcio. Mas deverá assumir uma postura mais cuidadosa em alguns aspectos.
Por exemplo: estar sentada no sofá a um domingo à noite? Isso é cair na rotina. Se for ver nos exemplos credíveis de vida que são as novelas, o primeiro passo para o fim, as lutas pelos catraios, as partilhas das jóias, é o sofá aos quadrados da sala. Não entre nessa tentação. Abuse. Desfrute do que a vida lhe pode oferecer. Caia na loucura de se sentar numa cadeira, por exemplo. De se deitar na mesa enquanto conta quantos mamilos à mostra levam as meninas dos reality shows. De se ajoelhar na carpete a catar pelos de gato. Faça qualquer coisa mas evite o sofá. Sobretudo faça qualquer coisa com uma lingerie sexy, as pernas depiladas e aquele perfume especial.
Por que é que dizemos isso? Porque até o seu marido lhe pede para fazerem algo juntos. E claro está, se a nossa querida estiver de rendinha nas nádegas, bem depilada e cheirosa ele não terá a tentação de pedir opinião à mãe, podendo logo os dois passar para filmes mais apelativos com sombras à mistura.
Depois, indo directas ao assunto que a apoquenta: “dançar na horizontal” não se enquadra no tipo de ilícito plasmado na nova lei. Esteja descansada, respire fundo. Aliás, a bem das coisas e para não se afligir tanto, aconselhamos a que aponte, numa folha bem visível, os piropos que deverá instruir o seu marido a não dizer. Cole-os, por exemplo, na porta do frigorífico e use-os como analogia para referências futuras:
- A tua mãe só pode ser uma ostra para cuspir uma pérola como tu.
- Se é verdade que somos o que comemos, eu amanhã poderia ser tu.
- Tu aí cheia de curvas e eu aqui sem travões.
- Tens uns lábios que faziam feliz qualquer chupa-chupa.
- Se eu fosse jardineiro nunca te faltava água.
- Quem me dera ser talhante para te pôr a mão na febra.
- Contigo ia achar petróleo.
- Princesa tu comigo eras rainha.
- Tens umas curvas que parecem cebolas: são de comer e chorar por mais.
- Bem me parece que és católica. É que “balha-me” Deus!
Agora repare, não somos contra o uso dos elogios atrás referidos. Aliás, acreditamos plenamente que usados na hora certa evitam coisas menos aconselháveis como ver séries apelidadas “The Good Whife”. Mas não queremos - sejamos claras, nem tal poderíamos aconselhar - que vão contra a lei. Por isso aos domingos, quando se sentar na cadeira de roupa íntima rendada e bem perfumada e sentir que o seu marido se prepara para lançar destas obras de arte, aumente o som da televisão, ponha a Teresa Guilherme aos gritos e peça para ele lhos dizer ao ouvido.
Vai ver como as coisas serão muito mais entusiasmantes e o dia dos namorados será passado a dançar. Na horizontal, vertical ou como preferir.
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Publicado em Inominável nº 2
pelas nossas consultoras Maria das Palavras autora dos blogs Maria das Palavras e Consultório de Prendas. e M.J. autora do blog E agora? Sei lá!
Ambas participam no blog Aprender uma coisa nova por dia