Qui | 30.08.18 Diversidades | Do pensamento elástico aos estáticos extremos de Portugal #4 (continuação)Extremo OcidentalQuando pensamos no extremo ocidental de Portugal, não ficamos só por aqui na atribuição de títulos. Este extremo é também o limite oeste da Europa continental. O Cabo da Roca tem esta particularidade e é, sem qualquer dúvida, o ponto notável mais visitado, usufruindo de uma localização privilegiada, bons acessos, e às portas da grande urbe lisboeta. Integrado no Parque Natural de Sintra-Cascais, engloba uma vasta área de interesse natural e beleza paisagística, desde a Cidadela de Cascais à foz do rio Falcão, com uma rede de eco-trilhos bastante dinâmica. É também denominado pelas “gentes do mar” de “Focinho da Roca” ou, de uma forma mais poética, pelo “Promontório da Lua”. Já Luís de Camões eternizou o local descrevendo-o “donde a Terra se acaba e o mar começa”.O Cabo da Roca, o “último fim do mundo”, situa-se nas coordenadas 38° 46’ 51.67’’ N e 9° 30’ 1.77’’ W / 38.781019, -9.500492. É um local carregado de misticismo não só pelo que representa, como por se localizar perto da vila de Sintra. A energia que emana sente-se assim que se dobra a estrada nacional no sentido do Atlântico, e aumenta logo que se ultrapassa a povoação. Algo de diferente se apodera de nós e surge um arrepio que percorre a pele. Há magia no local, que ataca mesmo os mais racionais. Temas verdes afloram por toda a parte, misturados com plantas de tons variados que gostam do sabor do mar: cravos-da-índia, cravos romanos e cravinas-bravas abundam no local.Na zona mais alta do promontório instalou-se o farol, que ao longo de décadas tem guiado quem percorre os caminhos do mar. Nada imponente, dado encontrar-se a uma cota bastante elevada, não passa contudo despercebido, integrando-se harmoniosamente na paisagem.Grande atracção turística para quem visita Portugal, é um excelente local para passear, namorar ou simplesmente fotografar, embora por vezes seja tanta a multidão que retira algum encanto e sobretudo o sossego que se adapta bem ao local. A relevância dos lugares tem muito a ver com a importância que lhes conferimos ou com a função – mais ou menos essencial – que desempenham no nosso dia-a-dia. Aos pontos notáveis referidos podemos ainda acrescentar aquele que se destaca quando pensamos em altitude: a Torre, na Serra da Estrela, com 1993 metros. Porque todos procuramos a perfeição e nisto das altitudes nada melhor que um número redondo, fácil de decorar e exacto só porque sim, edificaram a célebre “Torre do Cume” para se atingirem os 2000 metros. Não se pense que a ideia seja fresca por ter sido “construída” em 1949; tratou-se simplesmente de uma reedificação de uma outra torre, datada do reinado de D. João V (1806).Portugal é, pois, um país repleto de emoções. Se juntarmos a estes pontos extremos, o facto de o Ilhéu de Monchique, grande rochedo de basalto com 30 metros de altura ao largo da ilha das Flores, ser o “ponto” mais a oeste do continente europeu, o caso da Estrada Nacional 2 ser a mais extensa estrada nacional da Europa e a Estrada Nacional 222, junto ao Douro, ser a melhor estrada do mundo para conduzir, só temos razões para nos preocuparmos: este rectângulo com os pés no mar a curto prazo vai deixar de ter espaço para tanta condecoração.__________________________________________________________________Publicado em Inominável nº 15por Eliseu PimentaCategorias:artigosdiversidades link comentar" comentários (3) favorito