Sonhar pode ser singular amar escreve-se a dois, num diário ao deitar perfumes nele gravar para recordar depois; Sinto-te parte de mim numa história que escrevo, ainda lhe falta um sim ainda não tem um fim, se tivesse, era segredo; A seu tempo saberás do enredo ficcionado, num futuro sem passado. A seu tempo saberás, a meu lado. _________________________________________________________________ Publicado em Inom (...)
Eu não canso de me repetir, pareço bobo porque sou fraco. Parece que os homens são mesmo essa eterna repetição uns dos outros. Sei que um dia serei outro de verdade, mas por enquanto sou esse que não resiste ao peso do mundo e foge na primeira nesga de luz da manhã que pincela as delicadas pétalas da Amarílis. Quando eu for o outro que virá, serei forte e não serei bobo. Eu nunca mais me repetirei porque serei inédito como a nesga de luz da manhã que (...)
DOABRE (*) O rio de João Cabral é um corpo mutilado, discurso de canal engordado sob gondola; cabeça-nascentes do pensamento truncado, é mão amputada dos dedos longos distante. Salta em caldo engorda corpo represado. Ou emagrece, se afina no curso seu tom; uma silhueta na passarela disforme torta consumida na pena serelepe dos homens. Mas o mesmo rio grita sua fome de mello de anas, de roseanas, de helenas e barones de tantos outros que se encontram no rio em (...)
SEM TI O sol apagou-se o céu fechou-se a noite caiu, ficou gélido o tempo pelo afastamento de quem de mim partiu. Saíste desabrida de orgulho vestida e sem olhar para trás, dei-te a minha vida história perdida que não sei onde jaz; Já não estás nem perto e não quero estar certo do que isto causou, mas vivendo sem ti para o mundo morri o amor me matou. _________________________________________________________________ Publicado em Inominável nº 15 (...)
antes de ser potável fui chuva e orvalho ates no capim, estive no ipê e no carvalho escorri por aí antes de ser rio longe movi monjolos e pás de moinhos antes de ser potável fui musgo fui lamaçal em cachoeira no fundo das grotas fui redemoinho a fome do bagre no barranco do rincão no longo remanso fui leito de ribeirão sou movimento, minério ancestral mas antes de ser potável fui salobra, mansa deslizei lentamente e comi nos barrancos uns bocados de terra nas (...)