Talvez o tempo possa voltar atrás, talvez não. Nunca o saberemos, porque o não tentamos. Não se trata de reviver o fogo da juventude, esse não mais é que memória longínqua. Trata-se de viver o que devíamos. O quinhão de felicidade a que temos direito. Nenhuma outra mulher conseguiu marcar este coração como tu. Como se em todo o meu corpo, até nessa coisa a que chamam alma, de estranha forma, circulasses. Um vírus, é o que és para mim. Daqueles que tomam conta de ti de (...)
Escrevo esta «crónica» sob pseudónimo, porque assim pretensamente me engano como se escrever não fosse mais uma modo de revelar que de ocultar. É Abril, e o seu primeiro dia é dos enganos. O que mais faço é enganar-me. Todos os dias visto uma personagem que não é bem minha e engano. A mim e aos outros. Também sou enganado. Numa ilusão de que posso viver realidades alternativas, de que não prisioneiro de convenções, status, relações. Quando me vieste procurar com flores (...)
A vulgaridade ocasionalmente toma conta das nossas vidas. É por isso que te digo, que me apaixonei no segundo em que te vi. Todos na festa, rindo, celebrando, havias escolhido a solidão e recato da varanda. Os olhos azuis, o cabelo louro, as pernas elegantemente cruzadas deixavam antever um mundo de promessas. A postura, displicente e ao mesmo tempo elegante fizeram o resto. Uma deusa em forma de gente. Quis saber quem eras, o que fazias. Conversa inteligente, bem-humorada, irónica. E (...)
Um amor assim, visto à distância, torna mais doces as memórias. E no entanto, nada é exactamente como esperávamos, nada corre de acordo com o plano. Tenho em mim sonhos de rapazinho que a idade adulta não roubou. O meu tem o teu nome impresso, como quando olhas para as nuvens e nelas vês formas que na realidade não existem. Mantive sempre essa tonta (...)
Vulgar será dizer que somos marionetas nas mãos do destino. Alguns, mais manipulados por esses fios invisíveis, tornam-se joguetes do destino. Vou contar uma história, tão banal como as suas personagens. Dois jovens conhecem-se e apaixonam-se. Vivem o fim da adolescência e início da idade adulta em paixão, amando-se como tantos outros o fizeram (...)